BRÜNO


Em 2006, quando "Borat" chegou aos cinemas, em meio a onda anti-americana que pairava sobre Hollywood, não consegui enxergar no filme algo mais do que piadas grosseiras e talvez um pouco de sadismo. Embora Sacha Baron Coehn seja a(u)tor desprendido de qualquer compromisso ético ou moral (uma qualidade de poucos), para mim não passava de uma mistura bizarra entre Jim Carrey e Michael Moore.

Felizmente, "Brüno" chega aos cinemas alguns anos depois, partindo de um tema mais batido, porém menos em voga (o ‘vale-tudo’ pela fama), e expõe com as atitudes extremas do personagem título, o preconceito implícito e a falta de escrúpulos da sociedade atual. E embora o 'campo de pesquisa' de Coehn seja novamente os E.U.A., as reações documentadas por ele são universais. E quem sabe as atitudes de Brüno também.

Brüno é um apresentador austríaco, afetado e fashionista, que após se envolver num incidente num desfile é banido da indústria fashion em seu país. Decide então partir para os E.U.A. e com a ajuda de seu assistente Lutz, se tornar a maior celebridade austríaca desde Hitller(!!!).

Diferente de "Borat", em "Bruno" é mais difícil distinguir ficção e realidade: Será que uma mãe realmente submeteria a filha que ainda engatinha à uma lipoaspiração, para que a menina participe de uma sessão de fotos? Seria mesmo tão violenta a reação de um público de homens e mulheres heterossexuais diante de um beijo gay? O que é mais assustador: ficção ou realidade?
Penso que o mais assustador é não saber o que é o que. E aí está o grande trunfo de "Brüno": há passagens tão grotescas e tão impactantes que fazem você se perguntar se aquilo é mesmo possível.

Mas claro, por via das dúvidas é melhor não saber, encarar o filme apenas como um besteirol bizarro, no estilo irmãos Wayans, e sair do cinema reclamando do dinheiro gasto para ver esta “droga” de filme, como fez pelo menos 50% do público da sessão em que eu estive. E é por conta das somas de todos esses 50% espalhados pelo mundo afora que filmes como "Brüno" infelizmente têm que existir para de vez em quando embrulhar nossos estômagos.

Nota: 9,5

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